sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Vivências pessoais - Republicanos ilustres do concelho


Mariano da Rocha Felgueiras nasceu no dia 8 de Fevereiro de 1884, na freguesia de Mesão Frio, no concelho de Guimarães. Era filho de Nicolau Máximo Felgueiras e de Bernardina Adelaide da Rocha Felgueiras, neto paterno de um vimaranense ilustre, o conselheiro João Baptista Felgueiras. Em 1918 concluiu o curso de bacharel, em Direito, na Universidade de Coimbra. Durante a monarquia, integra o Centro Republicano, em Guimarães.
Após a proclamação da República, iniciou uma intensa actividade na vida política e autárquica. Pertenceu ao Partido Republicano Português e, mais tarde, aquando da cisão daquele partido, militou no Partido Democrático, sob chefia de Afonso Costa. Ao serviço da autarquia, passou pelo exercício de vários cargos. Exerceu funções de vice-presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal de Guimarães, sendo presidente José Pinto Teixeira de Abreu, foi eleito presidente da comissão executiva e, de Janeiro a Junho de 1926, assumiu a presidência da câmara.
Nas funções de autarca, procedeu, a partir de 1914, a grandes melhoramentos no município, nomeadamente, a viação eléctrica entre Guimarães e Braga, a construção de um bairro operário e o embelezamento de determinados espaços (Castelo). Elaborou o Plano de Alargamento da cidade e a construção de um edifício para aí instalar os Paços do Concelho, projecto da autoria do consagrado arquitecto Marques da Silva, mas que nunca foi concluído. Em 1922, Mariano Felgueiras foi eleito deputado pelo Círculo de Guimarães, tendo sido de novo eleito para a legislatura seguinte, em 1925. Enquanto parlamentar, Mariano Felgueiras batalhou pela criação do curso comercial na Escola Francisco de Holanda onde, em 1926, entrou como professor. Participou no Movimento Revolucionário que eclodiu em Guimarães, em Fevereiro de 1927. Foi perseguido e  procurou refúgio na Galiza e mais tarde em França. Mariano Felgueiras faleceu a 24 de Janeiro de 1976, com 91 anos de idade.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Vivências republicanas - a revolução na imprensa vimaranense

Será que a primeira cidade da monarquia foi a última cidade da república? (Alfredo Pimenta)
A leitura que a imprensa de Guimarães teve sobre a revolução republicana, foi alicerçada na componente ideológica de que estavam eivados os diferentes jornais que, na alltura, eram publicados no concelho. Uns enalteciam o carácter cívico e a luta heróica dos revolucionários, outros, mais conservadores e fieis à monarquia, a(de)nunciavam a revolução.
O Regenerador (nº 98) titulava: Depois de renhida luta, em que, segundo se consta, morreram muitas  pessoas, foi proclamada a República em Lisboa. Ontem alguns partidários do novo regime, sairam para a rua.
A Restauração (nº 294) afirmava: Quarta feira, como os nossos leitores devem saber, foi proclamado o regime republicano em Lisboa, depois de dois dias de porfiada e sangrenta luta entre as forças fieis à monarquia e as forças de mar e terra revoltadas e auxiliadas pelo povo.
No Independente (nº 461) era a seguinte a notícia: Após uma luta heróica entre revolucionários e as tropas que se conservaram fieis às instituições monárquicas, trinfou a causa republicana ao cabo de um renhido combate que se prolongou durante dezanove horas. Com a assistência da Comissão Municipal Republicana, autoridades e outras individualidades, realizou-se ao meio dia no edifício da Câmara Municipal desta cidade a proclamação da república portuguesa, sendo hasteada nos Paços do Concelho a Bandeira da República.
O Comércio de Guimarães (nº 2495), de inspiração monárquica, referia: Como em quase todas as terras do País, em Guimarães também houve manifestações de regozijo pelos adeptos do novo regime (...) A não ser vivos comentários, discussões e manifestações, nada de anormal se tem passado em Guimarães.
(Fonte - Sobre a República em Guimarães (1993), vários autores, edição da C M de Guimarães)
















Proclamação da república por José Relvas na C. M. de Lisboa e embarque da família real (Ilustração Portuguesa, 10 de Outubro de 1910)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vivências literárias

No âmbito do seu programa para a comemoração do Centenário da República, o Agrupamento de Escolas das Taipas, em parceria com a Biblioteca Escolar e com o Plano Nacional de Leitura, colocou à disposição dos alunos e dos docentes algumas obras para leitura e exploração em contexto de sala de aula, abrangendo todos os ciclos de estudo. A leitura reflexiva representa uma das boas vias para entender a realidade assumindo, de igual modo, uma importância vital como estratégia de melhoria do processo ensino–aprendizagem ao contribuir para o desenvolvimento, nas crianças e jovens, de capacidades de análise crítica e de síntese. Para viver com autonomia, com plena consciência de si próprio e dos outros, para poder tomar decisões face à complexidade do mundo actual, para exercer uma cidadania activa, é indispensável dominar a leitura. Determinante no desenvolvimento cognitivo, na formação do juízo crítico, no acesso à informação, na expressão, no enriquecimento cultural e em tantos outros domínios, é encarada como uma competência básica que todos os indivíduos devem adquirir para poderem aprender, trabalhar e realizar-se no mundo contemporâneo (In portal do Plano Nacional de Leitura).
A escolha deste tipo de literatura fundamentou-se na percepção de que a leitura deve assumir-se como factor de desenvolvimento individual e de progresso nacional, sendo indispensável uma prática constante. A conjugação do verbo ler não pode ser feita no imperativo, sob pena de não se induzirem hábitos de leitura que impliquem deleite e grande satisfação nos potenciais leitores. Aproveitando a comemoração do Centenário da República, foi solicitado à Biblioteca Escolar a aquisição de um conjunto de exemplares relacionados com a temática da República, ajustados às idades dos alunos, propiciando, desta forma, a aquisição de competências de leitura e, fundamentalmente, competências ao nível da comunicação e da compreensão históricas.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vivências políticas















Um ano antes da revolução, as gentes de Caldas das Taipas demonstravam o seu descontentamento, face ao menor investimento que era feito na localidade, em comparação com Vizela. Fruto da crescente importância que as termas estavam a ter, trazendo à vila muitos turistas e frequentadores daquele espaço, o lamento fazia-se sentir pelo facto da modernização dos balneários termais oferecerem serviços e produtos, que em muito aumentavam as receitas do município, sem que tal representasse um retorno em termos de investimento, ao nível das infra-estruturas. 9º F  (Imagens: Caldas das Taipas; Guimarães - 1910)
Os factos
As Taypas, com o seu novo e modelar balneário a par da muita proficiencia e afabilidade do seu director clinico Dr. Alberto Ribeiro de Faria, que a todos os banhistas tem deixado optimamente impressionados, caminham para um futuro ridente e prospero, não só para o concessionario dos balneários, mas tambêm para os povos desta povoação [...], propocionando-lhes melhor e mais fácil venda dos seus productos e generos commerciaes, e ainda para o municipio deste concelho, aumentando-lhe as suas receitas provenentes de maior consumo. Apesar disso, várias obras se acham devidamente approvadas e datadas, algumas dellas das que muito concorreriam para o melhoramento e aformoseamento desta povoação; mas , por motivos que os nossos leitores facilmente podem conhecer o illustre senado prefere ter em cofre as respectivas quotas, do que realisar ou cumprir obras que só servem para mais reviver o nome do melhor e mais incansavel defensor dos interesses desta tão despresada povoação que só a elle deve os melhores melhoramentos que possue. Não attende a vereação que nos rege às necessidades desta povoação, mas para Vizella e para mediocres influentes , não lhes falta dinheiro, desbarantando-o até.“ (O Regenerador, 24 de Setembro de 1909, Nº 44)


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Vivências termais


A 21 de Julho de 1907, a Empresa Termal das Taipas S.A.R.L, inaugurava ao público a fonte de água termal (“buvette”), constituída por uma nascente com aproximadamente 4 metros de profundidade e por um busto de um leão esculpido em mármore, de onde brotam ininterruptamente, as águas medicinais.
Aquando da inauguração desta fonte, procedia-se através da Empresa Termal das Taipas à construção de um novo e moderno balneário, onde ainda hoje funcionam os banhos de imersão, duches, inalações, pulverizações, irrigações e massagens. Em 1906 a Câmara Municipal de Guimarães arrendou a exploração das termas a José Antunes Machado, que entretanto a cedeu à Empresa Termal, que seria constituída formalmente por escritura pública apenas a 4 de Maio de 1910, tornando-se até 1986, a concessionária das duas nascentes termais (Banhos Velhos e Banhos Novos), e à qual se deve a construção do Hotel das Termas, iniciado em 1915 e que terminaria somente em 1924.
O Prof. Charles Lepierre da Universidade de Coimbra, em Novembro de 1909, veio expressamente a esta vila visitar os novos balneários, examinar e analisar as suas nascentes nos Banhos Velhos e nos Banhos Novos, onde pôde ver a recém-construída “buvette”. O distinto analista de renome internacional ficou bem impressionado, tendo publicado pouco tempo depois um pequeno livro onde se debruçava sobre as características destas águas e das suas modernas instalações. (cortesia, prof. António Oliveira. Imagens: Banhos velhos e Fonte termal-buvette)


Os factos:
Abriu já o excellente balneario das Taipas, estabelecimento moderno, commodo, hygienico, que é sem duvida um grande beneficio para aquella formosa povoação, e a que ficará para sempre ligado o nome de António de Freitas Ribeiro, cuja iniciativa rasgada e intelligente arrancou a prospera estância thermal ao estacionamento em que definhava . Já alli se nota um regular movimento de banhistas (O regenerador - 1909, 21 de Maio, Nº 26, Guimarães)

Esteve no ultimo domingo nas Caldas das Taipas aonde foi chamado pelo concessionario dos balneários das referidas thermas, o distincto clinico analysta de Coimbra Mr. Charles Lepierre, que alli foi expressamente vizitar os balneários, examinar as suas nascentes e colher as precizas dozes de agua para proceder às respectivas analyses, trabalho este que o concessionario quer ter feito antes da abertura da proxima epocha balnear. O distincto analysta ficou optimamente impressionado com o novo balneário, elogiando a limpeza e installações . Durante a vizita foi sempre acompanhado pelo nosso amigo e estimado director clinico dos balneários snr. dr. Alberto Ribeiro de Faria, que o acompanhou a esta cidade, regresando a Coimbra no dia seguinte. “ (Idem, 1909, 12 de Novembro, Nº 51)

sábado, 2 de janeiro de 2010

Avenida da Republica


Para comemorar o fim da monarquia e a instauração da república, foi atribuída a uma artéria da vila a designação de "Avenida da República"

O passado ... ilustrado pelo presente - A piscina

Desde os primódios da República, houve uma preocupação natural das entidades competentes de Caldas das Taipas em dotar a vila de um conjunto de equipamentos de lazer que permitisse uma maior qualidade de vida aos taipenses. Um desses equipamentos foi a piscina, uma das primeiras do Concelho de Guimarães.
A piscina foi construída em 1951. Segundo informação oral, inicialmente era para ser um tanque de rega para o parque fluvial. Com a iniciativa do então Presidente da Junta de Freguesia, José de Oliveira, esse projecto inicial foi "alargado" para piscina com o apoio da Junta de Turismo de Caldas das Taipas.
Com a extinção das Juntas de Turismo, este equipamento juntamente com o parque fluvial, courts de ténis e parque de campismo foram absorvidos pela Cooperativa Taipas-Turitermas em 1986. Esta cooperativa ainda hoje gere a piscina. Uma das fotos está datada de 1976, referindo-se à construção da piscina das crianças. As restantes serão das décadas de 50 e 60. Na década de 50, na esplanada de festas da piscinas realizavam-se várias arraiais minhotos que revertiam para o Turismo Hóquei Clube. Com a criação do campo de campismo na década de 60, os turistas tinham acesso gratuito à piscina.