Interessante artigo sobre as reformas no Ensino Secundário Liceal durante a Iª República, da autoria de Maria Helena S. de Oliveira e Cunha (Aqui)
Quando a República foi implantada em 1910, Portugal era um país com uma população que quase atingia os seis milhões de habitantes (Rocha, 1984, p. 261), na sua maioria vivendo nos campos, e dividida, segundo Oliveira Marques (1976, p. 209), em três estratos:
a) burgueses ricos, com ligações ao sistema bancário, ao grande comércio e à propriedade fundiária, tinham governado o país no primeiro decénio do século com o apoio das chefias do exército;
a) burgueses ricos, com ligações ao sistema bancário, ao grande comércio e à propriedade fundiária, tinham governado o país no primeiro decénio do século com o apoio das chefias do exército;
b) classe média, maioritária nas grandes cidades, constituída por pequenos comerciantes e industriais, membros das profissões liberais, funcionalismo e por pequenos e médios proprietários rurais;
c) "povo miúdo", ainda insuficientemente evoluído, constituído por pequeníssimos proprietários rurais, por jornaleiros e criados da lavoura, e por operários industriais.
c) "povo miúdo", ainda insuficientemente evoluído, constituído por pequeníssimos proprietários rurais, por jornaleiros e criados da lavoura, e por operários industriais.
Em termos de população activa, 60% ou mesmo um pouco mais, era predominantemente rural; 20% trabalhava na indústria (sobretudo têxtil) e apenas 13% no sector terciário, um quadro que permitia qualificar de arcaica a estrutura da sociedade portuguesa no início do século XX. A classe média, que tinha feito a revolução, herdava igualmente uma conjuntura preocupante:
* uma crise social provocada pelo crescimento agrícola em detrimento do desenvolvimento industrial e pelo afluxo marcado da população às grandes cidades;
* Uma crise económico-financeira, marcada pela falência de bancos, aumento da dívida pública e pela contracção do investimento;
* uma crise moral, com frequentes escândalos públicos de corrupção.
A percentagem de analfabetos atingia os 75,1% em 1911, segundo Carvalho (1986, p. 710), referindo dados do "Anuário Estatístico de Portugal".
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